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Início / Carreira / A IA não vai roubar seu emprego tão cedo, dizem
pesquisadores do MIT


A IA NÃO VAI ROUBAR SEU EMPREGO TÃO CEDO, DIZEM PESQUISADORES DO MIT


ESTUDO MOSTRA QUE USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL AINDA NÃO É FINANCEIRAMENTE
VIÁVEL PARA AS EMPRESAS NA MAIORIA DOS CASOS

Gil Press
24 de janeiro de 2024     Atualizado há 6 dias
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Getty Images

Por outro lado, relatório do FMI afirma que a IA deve afetar 40% dos empregos em
todo o mundo, tipo de previsão que é criticado pelos pesquisadores do MIT





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Até agora, não sabemos muito sobre o impacto que a inteligência artificial terá,
de fato, no mercado de trabalho. 

Mas o que não faltam são previsões sobre os efeitos da tecnologia no futuro do
trabalho e dos empregos, desde a adoção dos computadores pelas empresas e a
popularização do termo “automação” no início da década de 1950. 

Mais recentemente, o boom da IA chegou com muitas especulações, principalmente
de acadêmicos, sobre a possível eliminação de empregos por máquinas cada vez
mais inteligentes, que devem se igualar ou superar os humanos num futuro muito
próximo.

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Um paper recém-lançado e produzido por pesquisadores do Laboratório de Ciência
da Computação e Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts), visa esclarecer as previsões sobre IA e empregos. 

Ele pode ser traduzido como “Além da Exposição à IA: Quais Tarefas são
Economicamente Viáveis de Automatizar com Visão Computacional?”. E conclui que
apenas 23% dos salários vinculados a tarefas relacionadas à visão (atividades ou
problemas que envolvem o processamento e interpretação de informações visuais
por sistemas computacionais) poderiam ser substituídos de maneira eficaz e
financeiramente viável por IA.




Leia também:

 * Cortes no Google, Citigroup e Amazon: por que continuaremos a ver layoffs em
   2024
 * Como a IA generativa mudará todos os nossos empregos em 2024


COMO MEDIR O IMPACTO DA IA NAS NOSSAS VIDAS E EMPREGOS

Segundo os pesquisadores do MIT, a ansiedade em relação à inteligência
artificial é um resultado das pesquisas que tentam medir o impacto da tecnologia
nas nossas vidas com a ideia de “Exposição à IA” – a classificação das tarefas
pelo seu “potencial de automação”. 

O problema disso é que não se considera a “viabilidade econômica” do uso da
tecnologia. E se confunde automação total, o que pressupõe substituição de
trabalhadores, com automação parcial, que na verdade poderia melhorar o
desempenho do trabalho. 

Para resolver isso e construir o que os pesquisadores chamam de “primeiro modelo
de automação de IA ponta a ponta”, eles focaram em tarefas relacionadas com a
visão, que têm estimativas de custos para sistemas de IA mais desenvolvidas. 

O modelo avalia o nível de proficiência necessário para realizar uma tarefa com
base em pesquisas com profissionais, o custo de alcançar essa proficiência
através de trabalhadores humanos ou de sistemas de IA (que são caros de
desenvolver) e a decisão econômica das empresas sobre adotar ou não IA para uma
tarefa específica.


USAR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PODE SER FINANCEIRAMENTE INVIÁVEL

Utilizando o novo modelo, os pesquisadores do MIT descobriram que a automação
ainda não é viável para as empresas na maioria dos casos, devido aos grandes
custos iniciais dos sistemas de IA. 

A redução do custo do desenvolvimento e da implantação dessa tecnologia
(aumentando a escala, possivelmente através da utilização de uma plataforma de
IA como serviço), reduziria esses custos. No entanto, “mesmo com rápidas
reduções de custos de 20% ao ano, ainda levaria décadas para que as tarefas de
visão computacional se tornassem economicamente eficientes para as empresas”,
segundo o estudo.


OBSTÁCULOS PARA A RÁPIDA ADOÇÃO DA IA

Os pesquisadores argumentam que as suas descobertas também se aplicam à IA
generativa e à automação de tarefas relacionadas com a linguagem. Todas as áreas
de implementação de IA requerem afinação ou personalização para adaptá-las às
características específicas da empresa, um fator de custo importante e um
obstáculo à rápida adoção pelas companhias.

Outro empecilho, nem sempre considerado pelos economistas e pesquisadores, é o
que um estudo do Fundo Monetário Internacional chama de “aceitabilidade social
da IA”. Algumas profissões podem integrar perfeitamente as ferramentas de IA,
enquanto outras podem enfrentar resistência devido a preocupações culturais,
éticas ou operacionais. 


MAIS PESQUISAS SOBRE IA E TRABALHO

Esse estudo foi lançado próximo ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na semana
passada, onde a IA foi o principal tema de discussão. 

O FMI estimou que quase 40% dos empregos globais estão “expostos” à IA. Nas
economias avançadas, cerca de 60% dos empregos podem ser afetados pela
inteligência artificial. Aproximadamente metade dos empregos expostos podem se
beneficiar do uso da tecnologia, aumentando a produtividade. Por outro lado, as
aplicações de IA poderão executar tarefas essenciais atualmente desempenhadas
por seres humanos, o que poderá reduzir a procura de mão de obra, e levar a
salários mais baixos e a uma redução das contratações. “Nos casos mais extremos,
alguns destes empregos podem desaparecer”, diz o relatório do FMI.

Indo além dos modelos econômicos, outro estudo divulgado às vésperas da reunião
de Davos recolheu dados diretamente dos responsáveis pela criação e eliminação
de empregos. 

A gigante de contabilidade PwC conduziu uma pesquisa com 4.700 CEOs em 105
países e descobriu que cerca de um quarto dos executivos espera que a
implantação de IA generativa nos seus próprios negócios vai levar a cortes de
empregos de pelo menos 5% este ano. 

Quase 75% previram que a IA generativa vai mudar significativamente os seus
negócios nos próximos três anos, exigindo formação de funcionários em novas
competências e gestão de novos riscos de segurança cibernética, desinformação e
preconceitos em relação a grupos específicos de clientes ou funcionários.

Os CEO podem ter compreendido intuitivamente (mas não perguntado diretamente
sobre) a “aceitabilidade social” da IA. Tal como acontece com qualquer outra
nova novidade tecnológica emergente nas últimas sete décadas, o fator social é
muitas vezes negligenciado nas especulações sobre o seu impacto nos empregos e
na natureza do trabalho.


PREVISÕES PODEM (E PROVAVELMENTE VÃO) FALHAR

Em um artigo sobre o estudo do FMI, Harry Law, pesquisador do Google Deepmind,
de pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial, observa isso como um
grande problema desse estilo de análise. Devido à dificuldade de quantificar e
avaliar os “elementos contextuais, reputacionais, burocráticos e sociais da
adoção da IA”, o que temos aqui é “mais ou menos um jogo de adivinhação”. 

O que ele quer dizer é que o mundo real não segue as previsões dos
especialistas. Especialmente quando essas previsões são sobre o que as pessoas
farão (ou não) com as novas tecnologias.

Foi muito difícil, talvez impossível, prever o impacto dos PCs na natureza do
trabalho. 

As máquinas assumiram algumas das tarefas repetitivas e “enfadonhas” que nenhum
gestor se dignaria a desempenhar antes da década de 1980. A digitação de
memorandos (mais tarde emails), o arquivamento de documentos, o registro e
cálculo, grande parte da gestão da informação do escritório, antes
exclusivamente nas mãos de secretárias, tornou-se na década de 1980 (e além)
parte do trabalho dos executivos de negócios. 

E por quê? Porque agora eles podiam fazer todo esse trabalho com uma nova
ferramenta “legal”, o computador, que lhes dava uma imagem de vanguarda e de
elevado estatuto dessa nova tecnologia. O que importava era que você era
importante o suficiente para ter uma dessas máquinas, não que você realizasse
com ela tarefas que eram consideradas inferiores apenas alguns anos antes.

A inteligência humana é criativa, aberta e imprevisível.


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