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HISTÓRIA


O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE

MEB é uma instituição de formação e assessoramento que prioriza a educação
popular, com ações voltadas para a garantia e defesa dos direitos, da qualidade
de vida e o desenvolvimento humano de populações em áreas de vulnerabilidade
social. A educação em direitos humanos e a formação de grupos de pessoas jovens,
adultas e idosas em processo de alfabetização tem em vista o desenvolvimento
humano integral, o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais, a inclusão
social de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, a capacitação
ao trabalho, a relação democrática entre Estado e Sociedade Civil, o controle
social e a participação cidadã.

1961 – O início



O MEB foi fundado em 21 de março de 1961, quando o Presidente da República
publicou o Decreto n.º 50.370 que dispôs sobre o Programa de Educação de Base. O
Decreto prestigiou o Movimento de Educação de Base empreendido pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do
Brasil.

O Movimento foi precursor, no Brasil, da educação a distância, por meio das
escolas radiofônicas, destinadas especialmente aos trabalhadores e trabalhadoras
do campo, comunidades quilombolas e comunidades indígenas.

Quanto à alfabetização de jovens e adultos, criou subsídios didático-
pedagógicos, como o “Viver é Lutar”, sendo notório o problema da inadequação dos
textos de leitura, em uso na época, para os destinatários.

Além da alfabetização, implantou cursos de capacitação destinados às comunidades
do campo tais como cooperativismo e associativismo. O que fazia o MEB
radicalmente diferente das ações anteriores era o compromisso explicitamente
assumido em favor das classes populares urbanas e rurais, assim como o fato de
orientar sua ação educativa para uma ação política (FÁVERO, 2006, p.51).

As formações dos educadores incluíam temáticas para desenvolvimento de
comunidades, lideranças comunitárias, cooperativismo, sindicalismo, educação
política, entre outros. Esse trabalho resultou na criação de associações
comunitárias e movimentos sindicais, destacando-se a ação socioeducativa do MEB
junto aos Movimentos Sociais.

1984 – Seminário avaliativo



Com o início da redemocratização do país e o ar de novas possibilidades, depois
do longo período de silenciamento das vozes que afirmavam a liberdade e os
direitos, de 21 a 25 de agosto de 1984, foi realizado em Brasília um Seminário
de Avaliação do Movimento de Educação de Base – MEB, com ampla participação de
responsáveis pelo Movimento: bispos, educadores, gestores de todos os níveis da
resistente organização do MEB. Evento significativo este cujo objetivo foi
desencadear um processo continuo de avaliação nos anos seguintes e realimentar a
ação educativa nos departamentos de base. Foi um espaço aberto a todas as
opiniões, testemunho e compromisso com a preservação da democracia, clarificando
princípios, metodologia, diretrizes e linhas de ação, identificando o trabalho
específico do MEB na ação pastoral da Igreja Católica e definindo a pratica da
educação popular específica. A associação de Educação Católica – AEC dedicou uma
reflexão ulterior a esse Seminário, publicando o Caderno (n.24) Igreja e
Educação Popular

2001 – MEB 40 anos



Seminários avaliativos, Planos trienais e relativos Relatórios não foram
suficientes a reposicionar a macro organização do MEB no contexto de mudanças da
vida social do País e da pastoral da Igreja Católica que freava o entusiasmo das
Comunidades Eclesiais de Base, marginalizava a Teologia da Libertação e voltava
a valorizar a religiosidade devocional popular. A celebração dos 40 anos da
fundação evidenciou uma dupla crise: a distância entre as equipes de assessoria
técnica e científica e as expectativas dos grupos populares; a gestão dos
recursos financeiros, cada vez mais difícil, para a manutenção de projetos de
grande abrangência. Permaneciam o drama e o desafio do MEB continuar vivo,
fazendo educação e segurando tamanha organização, ou renascer pequeno sendo
ainda uma escola de educação popular junto ao povo, empenhado na construção do
amanhã de justiça e fraternidade, uma escola como sempre foi, sem paredes, sem
endereço fixo, sem professoras e professores carregados de certezas, mas
companheiras e companheiros de caminhada. A grande estrutura foi reduzida e o
MEB continuou seu serviço humilde de educação popular.

2007 – Parcerias com governos estaduais e municipais



A partir de 2007 o MEB passou a atuar em parceria com governos estaduais e
municipais e outras organizações. Atuou ainda em parceria com o Estado do
Maranhão no Programa de Alfabetização Educadora do Maranhão PAEMA/MA (2009 –
2010) e no Programa Cidadão Nota Dez em Minas Gerais (de 2004 a 2009).

De 2008 a 2010 manteve parceria com o Governo do Piauí no Programa Brasil
Alfabetizado, “Piauí: Nova Abolição”. Nos últimos anos, tendo realizado
programas de desenvolvimento humano e inclusão social em parceria com o INCRA,
em assentamentos/acampamentos da Reforma Agrária nos Estados de Alagoas, Ceará,
Maranhão, Rio Grande do Norte e São Paulo, atuou novamente em assentamentos da
Reforma Agrária no Estado do Piauí.

Diante da persistência de altos índices de pobreza e de risco de exclusão
social, o MEB reafirma o compromisso com o desenvolvimento comunitário e a
educação popular, conjugando a formação de grupos de educadores sociais e a
inclusão social de grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco
social como pessoas jovens, adultas e idosas não alfabetizadas.
Avaliações constantes acompanharam o percurso histórico do MEB ao enfrentar os
desafios das mudanças. A alfabetização de pessoas jovens e adultas, âncora
histórica do MEB com os mais pobres e com a educação de Base, nesses 20 anos foi
significativa nos projetos do Norte de Minas e nos assentamentos da Reforma
Agraria.

Resgatou-se a mística nas palavras de Dom Hélder Câmara e do Abbé Pierre:
“Servir e fazer que sejam servidos primeiro e em todo lugar os mais pobres”
(Apelo aos humanos (18/08/96) e no “Saber Viver Lutar”. O método “VER JULGAR
AGIR, com o acréscimo de Celebrar o esperançar da libertação dos pobres,
garantiria um caminhar seguro na atualidade e a sintonia com a Doutrina Social
da Igreja Católica, que a partir do papa João XXIII (Mater et Magistra) utiliza
o método da Ação Católica nas redações das Encíclicas Sociais.

As novas tecnologias da comunicação continuam trazendo à memória a educação
popular pelo rádio que marcou o MEB desde as origens.

2015 – MEB nas periferias



Não querendo ficar afastados da vida dos excluídos que lutam a cada dia para
sobreviver, em 2015, o grupo da Secretaria do MEB em Brasília saiu para as áreas
da periferia identificando territórios e comunidades, ouvindo demandas,
dialogando com pessoas e grupos, descobrindo e convocando lideranças locais,
encontrando “educadores populares”.

A periferia é mundo urbano, mundo de desconhecidos, de pessoas de diversa origem
e cultura. Quem são os mais vulneráveis? Ninguém mais sabe onde estão as pessoas
não alfabetizadas, nem elas saem às ruas com cartazes anunciando “Eu sou
analfabeta”. Uns poucos, geralmente mais jovens procuram os cursos EJA agregados
ao ensino formal, mas a maioria permanece excluída e escondida.

O núcleo da Secretaria empenhou-se então a traçar um percurso de formação de
educadores populares para a alfabetização de pessoas jovens e adultas e a
mobilização das comunidades que, a partir do pressuposto da conquista de
condições humanas e dignas de vida, lutassem também por um desenvolvimento
integrado e sustentável e assegurassem ao povo, sem discriminações ou
privilégios, o exercício dos direitos e deveres da cidadania.

A educação em direitos humanos assumiu destaque. O processo de alfabetização
desenvolveu em rodas de conversa, relatos de experiências, círculos de
cidadania, estudo de problemas, jornadas comunitárias, como processo de
aprofundamento da consciência crítica coletiva. As Jornadas Comunitárias, não
como evento pontual, mas como processo contínuo de transformações no âmbito
micro e macro apareceram como um ponto alto das ações dos educadores populares.

2019 – A pandemia



A pandemia do Covid 19 impôs novo calendário, mas não cancelou este compromisso.
O grupo da Secretaria Executiva e os educadores populares ligados ao MEB, unidos
atenderam ás primeiras necessidades das famílias anteriormente acompanhadas na
periferia de Brasília: distribuição de cestas básicas e material de higiene e
proteção; uso do WhatsApp e telefone para orientações, ensaios de ensino remoto
para quem tivesse acesso à internet e participação em iniciativas varias de
reflexão, palestras, debates por vídeo conferências, com destaque no evento
“Colóquio: Cartas para Paulo Freire” promovido junto com a Unb, dando início as
iniciativas do Centenário de Paulo Freire.

Hoje – 60 anos de história



Hoje o MEB conta com um trabalho solidificado para a inclusão social de jovens,
adultos e idosos em situação de analfabetismo em quatro regiões administrativas
do Distrito Federal (Itapoã, Paranoá, Sobradinho e Santa Maria). Nos demais
estados os Núcleos de Base do MEB encontram-se no Maranhão, Ceará, Rio Grande do
Norte, Piauí e Amazonas na formação de educadores populares e construção de
projetos comunitários em Direitos Humanos, Ecologia integral, defesa dos
territórios e protagonismo de juventudes.

Chegando aos 60 anos, o MEB continua com audácia o seu serviço à sociedade
brasileira unido à libertação dos oprimidos, um serviço marcado por períodos de
comedimento, mas nunca interrompido, convicto de que iniciando um novo caminho
na certeza de que “a Páscoa de simples verbalização é morte sem ressurreição. Só
na autenticidade da práxis histórica, a Páscoa é morrer para viver” (Paulo
Freire).





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