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Crédito da foto: Divulgação/ONU Por Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas GENEBRA (29 de março de 2019) – O Brasil deve reconsiderar planos para comemorar o aniversário de um golpe militar que resultou em graves violações de direitos humanos por duas décadas, afirma relator da ONU. “Tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo”, disse o Relator Especial sobre a promoção da verdade, justiça, reparação e garantias de não-repetição, Fabián Salvioli. O apelo do relator da ONU é uma reação à ordem do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ao Ministério da Defesa para marcar neste fim de semana o 55º aniversário do golpe que resultou em uma ditadura de 1964 a 1985. Como formalmente reconhecido pelo Estado brasileiro, esse período foi marcado por um regime de restrições aos direitos fundamentais e violenta repressão sistemática. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.000 indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente. Estima-se também que dezenas de milhares de pessoas foram arbitrariamente detidas e/ou torturadas. No entanto, uma lei de anistia promulgada pela ditadura militar impediu a responsabilização pelos abusos. “Comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no estado de direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes ”, disse o relator. “Quaisquer ações que possam justificar ou relevar graves violações de direitos humanos durante a ditadura reforçariam ainda mais a impunidade que os perpetradores desfrutam no Brasil, dificultariam esforços para impedir qualquer repetição de tais violações e enfraqueceriam a confiança da sociedade nas instituições públicas e no estado de direito”. O Relator Especial ressaltou o direito das brasileiras e brasileiros de conhecer a verdade sobre crimes hediondos do passado e as circunstâncias que conduziram a esses crimes, bem como o dever do Estado de preservar as evidências de tal violência. “Isso poderia incluir a preservação da memória coletiva desses eventos e a proteção contra argumentos revisionistas e negacionistas”, disse ele. Um relato preciso das violações sofridas pelas vítimas constitui parte de seu direito à reparação e satisfação. “Estou profundamente preocupado que as celebrações planejadas possam levar a um processo de revitimização para aqueles que sofreram”. Fonte: Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas Share this: Imprimir Post Tags: Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas Ditadura Militar Fabián Salvioli Jair Bolsonaro Mortos e Desaparecidos Nações Unidas ONU RELATED POSTS ONU PEDE AO BRASIL CONCLUSÃO DOS PROCEDIMENTOS DEMARCATÓRIOS ENVOLVENDO AS TERRAS DO POVO GUARANI E KAIOWÁ 07/08/2024 "NÃO CABE CONCILIAÇÃO QUANTO A DIREITOS FUNDAMENTAIS", DIZ CIMI AO STF SOBRE MARCO TEMPORAL EM SEMANA VIOLENTA 19/07/2024 ENTIDADES PEDEM À CIDH QUE COBRE DO ESTADO BRASILEIRO CELERIDADE PARA REPARAR AS VIOLAÇÕES COMETIDAS CONTRA OS POVOS INDÍGENAS DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR 17/07/2024 RELATOR DA ONU AFIRMA QUE LEI 14701 VIOLA DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS E APELA AO STF POR SUSPENSÃO DE APLICAÇÃO 11/07/2024 "OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS SOFREM DESPROPORCIONALMENTE OS EFEITOS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS", ALERTA O CIMI NA ONU 11/07/2024 CIMI – CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO O Cimi é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que há 45 anos atua em defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil. 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