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IMPACTOS EMOCIONAIS DO ENDIVIDAMENTO: A RELAÇÃO ENTRE O BOLSO E A MENTE

De acordo com pesquisa sobre o perfil do brasileiro endividado, 85% dos
consumidores têm insônia ou dificuldade para dormir por causa das dívidas
Torna-se cada vez mais urgente e necessário discutir a relação entre saúde
financeira e saúde mental, mostrando, entre outros aspectos, os impactos do
endividamento nas emoções de quem vive essa situação. Você já tinha parado pra
pensar nisso? Essa é, exatamente, a reflexão que queremos provocar hoje e a
gente te convida a nos acompanhar nela. (Freepik/Divulgação)


M
Meu Acerto

Publicado em 29 de dezembro de 2021 às, 12h46.

Última atualização em 29 de dezembro de 2021 às, 12h54.

Que as dívidas impactam, de forma direta e profunda, a saúde do nosso bolso não
é segredo pra ninguém. Ter pendências financeiras pode fazer com que tenhamos
restrição de acesso ao crédito no mercado, dificuldade para manter em dia as
contas mais básicas — como água, luz e aluguel — e, claro, impedimentos para
concretizar planos e realizar sonhos. Mas, não é só isso.

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Torna-se cada vez mais urgente e necessário discutir a relação entre saúde
financeira e saúde mental, mostrando, entre outros aspectos, os impactos do
endividamento nas emoções de quem vive essa situação. Você já tinha parado pra
pensar nisso? Essa é, exatamente, a reflexão que queremos provocar hoje e a
gente te convida a nos acompanhar nela.


O QUE DIZEM OS DADOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O BOLSO E A MENTE?

A Serasa, em parceria com a Opinion Box, divulgou recentemente seu levantamento
anual sobre o perfil do brasileiro endividado, que mostra o cenário de
endividamento no país e os impactos dele na vida financeira do consumidor. Entre
tantas informações relevantes, a pesquisa traz dados significativos sobre os
efeitos emocionais do endividamento.

O estudo, que apresenta o cenário referente aos últimos 12 meses, mostrou, por
exemplo, que 88% dos consumidores sentiram vergonha por ter dívidas e contas
atrasadas, enquanto 85% tiveram insônia ou dificuldade para dormir devido à
preocupação com as dívidas. E não para por aí. Mais de 60% dos consumidores
entrevistados afirmaram que as dívidas impactaram o relacionamento com
familiares, amigos ou com o parceiro.

Crises nas relações interpessoais são um dos efeitos mais graves do
endividamento ou de uma situação financeira mais crítica, mas eles podem ser
ainda piores. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, quase 80% dos
suicídios cometidos no mundo acontecem em nações de baixa e média renda. Seria
uma coincidência?

Muitos outros dados podem nos ajudar a tirar essa conclusão. Pesquisa feita pelo
British Medical Journal em 54 países, por exemplo, mostrou que, em 2009, houve
registro de 4.900 suicídios a mais do que a média registrada nesses locais nos
anos anteriores. Será que dá pra falar que é coincidência o aumento desse índice
ter ocorrido exatamente meses depois da crise econômica global de 2008, que
afetou a vida financeira de milhões de pessoas?

A gente acredita que não!


O QUE É CAUSA E O QUE É CONSEQUÊNCIA NESSA HISTÓRIA?

Esse é um ponto muito importante quando a gente fala sobre a relação entre saúde
financeira e saúde mental. Os dados nos mostram que o endividamento impacta,
sim, as nossas emoções, causando sentimentos e sensações como vergonha,
angústia, ansiedade, insônia e tristeza. Mas, e o inverso? Será que emoções
desequilibradas também não são gatilho para o endividamento?

“Pessoas com depressão ou emocionalmente fragilizadas, especialmente depois de
um período delicado, como um processo de luto, por exemplo, podem fazer das
compras e dos gastos excessivos uma válvula de escape para as emoções. E esses
comportamentos podem acarretar uma situação financeira delicada o que, por si
só, já é suficiente para afetar ainda mais a saúde emocional. Ou seja, é um
círculo vicioso. E quem sofre com isso, se não parar para analisar, acolher e
cuidar das causas, corre o risco de se tornar refém delas”, explica a psicóloga
Izabela Gomides.

Ou seja, na prática, funciona assim: se está endividado, você sente culpa,
arrependimento, vergonha e angústia e esses sentimentos podem acabar sendo
gatilho pra você assumir compromissos financeiros com os quais não tem condições
de arcar e, consequentemente, se endividar ainda mais. Se você sente ansiedade,
estresse, tristeza ou qualquer outro sentimento desse tipo, independentemente de
qual seja o motivo, pode acabar assumindo gastos sem nenhum planejamento para
tentar aliviar as emoções, o que pode te fazer perder o controle da sua vida
financeira e, logo, cair em um cenário de dívidas. Percebe como a relação é
intensa e profunda?

Outro ponto importante, nesse sentido, é que um desequilíbrio emocional impacta
muitas áreas da nossa vida, inclusive a profissional. Por isso, pessoas que
estão com a saúde emocional fragilizada podem ter dificuldade de manter seu
emprego e sua renda e isso, obviamente, também é um grande fator de risco para
um cenário de dívidas. De acordo com a pesquisa da Serasa que mencionamos assim,
o desemprego ainda é o principal motivo de endividamento no país.

A boa notícia é que há caminhos para não se deixar dominar por esse ciclo.


O QUE FAZER PARA MANTER ESSA RELAÇÃO MAIS EQUILIBRADA?

O primeiro passo para trazer mais equilíbrio para a relação entre a sua mente e
o seu bolso é a informação. Buscar autoconhecimento e entender como você lida
com as situações que envolvem suas emoções, ao mesmo tempo que você busca ajuda
para melhorar sua educação financeira, é fundamental nesse caminho.

É importante dizer que o endividamento é a realidade de mais de 61 milhões de
brasileiros e, portanto, ninguém está sozinho nessa. Mas, o caminho de cada um é
individual e, por isso, você precisa encontrar alternativas que condizem com sua
realidade. É válido ressaltar que existem plataformas de educação financeira com
foco nos mais diferentes públicos e o que você precisa entender é qual dos
canais conversa melhor com suas necessidades.

Outra questão essencial nesse sentido é assumirmos o controle da nossa vida
financeira, criando mecanismos para manter as finanças mais organizadas. É
preciso ter total clareza sobre nossas receitas e despesas para que possamos
identificar para onde, exatamente, está indo nosso dinheiro. É isso que vai nos
permitir entender quais gastos podem ser cortados, se é necessário buscar uma
fonte de renda extra e se temos condições de negociar as pendências financeiras.

“É muito importante que os consumidores endividados busquem alternativas para
negociar suas dívidas. Ao fechar um acordo, já é possível conquistar uma certa
tranquilidade, afinal, o nome será limpo logo após o pagamento da primeira
parcela e o consumidor volta a ter condições de ter acesso ao crédito no
mercado. Mas, para que isso funcione, é preciso deixar claro que é fundamental
que o consumidor busque uma negociação que realmente caiba no bolso dele, para
que ele não corra o risco de quebrar o acordo feito e alimentar esse círculo de
emoções negativas”, ressalta Pedro Lima, economista e co-CEO da fintech Meu
Acerto.

Por fim, e não menos relevante, é essencial buscar espaços para falar sobre os
sentimentos. Por mais que a vida financeira seja um assunto delicado e sensível
a ser tratado, é muito importante que a gente encontre um ambiente seguro e uma
rede de apoio de confiança, que nos permitam compartilhar as nossas dificuldades
sobre o assunto com outras pessoas. Somente falando sobre isso será possível
entender melhor a dimensão da situação e o quanto as nossas emoções são
impactadas por ela.

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