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É herdeira de uma tradição iniciada com as primeiras investigações agronómicas efectuadas na Estação Agronómica Experimental, criada em 1869 e cuja vocação se dirigia à investigação sobre o emprego de substâncias fertilizantes na agricultura, à semelhança do que, na época, acontecia um pouco por toda a Europa. Aquela Estação, cujo nome, atribuições, estrutura orgânica e meios de trabalho foram variando ao longo dos anos, sofreu profunda reforma em 1936 através do Decreto-Lei nº 27 207 de 16.11.1936 (Reforma Rafael Duque) que criou, à semelhança do Laboratório Químico Central, a Estação Agronómica Nacional.» (in https://www.iniav.pt) Após uma vida algo atribulada, deslocando-se de paradeiro em paradeiro, apenas em 1961 a Quinta do Marquês, em Oeiras, propriedade do Estado com mais de 130 hectares, foi entregue à Estação Agronómica Nacional, para que esta aí se instalasse e desenvolvesse investigação exclusivamente agrária, conforme nos informa a mesma fonte. Do seu labor meritório não haverá nada a contestar. Da utilidade da sua existência menos, ainda. Há, entretanto, algo que a mim assaz me perturba, cidadão dado a devaneios peripatéticos e arroubos fotográficos, sempre que os meus passos para ali me conduzem, o que vem acontecendo, em abono da verdade, de há uma boa mão-cheia de anos a esta parte. E para ali vou, em passeio de exercício físico, mas pela tranquila quietude que por tais paragens se desfruta, bem como pela observação amadora da fauna diversa… e, verdade seja, porque ninguém me sabe dizer se essa devassa de território privado seja ou não permitida ou proibida por qualquer entidade. Não. Atravesso tão-só um portão escancarado… e lá estou, tal como muitos outros que fazem o mesmo. Os olhos enchem-se das extensões de vinhedos, em boa hora na recuperação do néctar de Carcavelos, das flores campestres e da diversidade pródiga de passarada, bem como dos insectos. Apareceram, mais recentemente, uns cavalos, algumas cabras e ovelhas, que só enriquecem a paisagem e permitem alguns interessantes instantâneos fotográficos. Recentemente, assisto com agrado à intensa recuperação – desmatamento e limpeza – da zona ao longo da ribeira, segundo julgo saber a cargo do município de Oeiras e que aponta, também, para o restauro de infraestruturas da Quinta do Marquês. E o que me perturba, então, em ambiente tão aparentemente idílico? Pois bem, a quantidade enormíssima de infraestruturas espalhadas um pouco por toda a parte naquele território e o seu lamentável estado de degradação. Desde antigas estufas, a equipamentos que aparentam oficinas ou, até, construções para fins administrativos, em imensa profusão. Tão imensa quanto esse seu abandono e estado de deterioração, com as janelas meticulosamente partidas, como as portas cuidadosamente destroçadas. Recantos fétidos e inestéticos de fins inconfessáveis, a quem a natureza, em obra de graça ou pudor, vai encobrindo, neste caso, com o manto verde da fantasia. Não sei, nem virá ao caso, quem é o responsável por esse abandono ou que circunstâncias mais ou menos históricas o «justificam». Sei, apenas – e nunca cessa, nestas coisas, a minha perplexidade – , que num país onde há uma tão gritante carência de tanta coisa, nos permitamos o luxo de desperdiçar recursos que poderiam constituir acolhimento, guarida, ocupação, para tanta gente, desde aquele grupo de jovens que quer formar uma banda, àquele idoso que ainda sonha ter a sua hortinha, aos artistas com ânsias de um ateliê de jeito… eu sei lá quem e quantos mais. Ah, são estas coisas devidas ao abandono do Estado…? Pois, daí advém a minha maior perplexidade. 17 de Setembro de 2021 4 COMMENTS 1. Maria da Graça Nóbrega Baptista Serrão 5 Outubro, 2021 Que retrato tão fiel à realidade daquele espaço! Nele trabalhei muitos anos da minha vida. Obrigada, Jorge de Castro, por salientar a beleza que a Quinta do Marquês oferece, mas também por denunciar a falta de controlo no acesso a esta propriedade e o estado degradante e de abandono em que alguns edificios e estufas se encontram. Post a Reply 2. Eduardo Barata 6 Outubro, 2021 Para além daquele início de observações carregados de prosa poética, verifico um perspicaz relato de toda uma situação de desleixo, falta de organização e desconsideração para os próprios habitantes da urbe. O matagal que se desenha mesmo visto da estrada é de bradar aos céus. Como é que instituições de tão alto gabarito podem estar rodeadas de tanto abandono? Não há uma roçadeira para ao menos limpar o capim que ali se instalou? Quanto às instalações abandonadas , não tenho vocabulário repreensivo suficiente. São as incongruências da nossa sociedade, sob a capa de não se poder chegar a todos os lados, vão-se empurrando para debaixo do tapete, aquelas mazelas que estão mais à vista. Post a Reply 3. Beatriz de Almeida Pessoa 6 Outubro, 2021 O texto do Jorge Castro descreve com muita clareza toda aquela lamentável realidade que me foi dado observar em Julho passado, quando, a convite de uma amiga exploradora de tudo quanto é Natureza, cuidada ou por cuidar, decidimos visitar esse imenso espaço. Éramos seis nesse passeio, curiosas de ver o que estava feito de novo (desmatação, tanque limpo e sinais de começo de obras de recuperação da Casa da Pesca). Mas tendo-se alongado o percurso por caminhos e atalhos, lá deparámos com tanto abandono de estruturas antigas, de arquitectura ou hortícolas, onde ainda teimavam em dar fruto figueiras, oliveiras e outros arbustos frutíferos. Contudo, apesar da criminosa degradação de tão importante património, saímos com a esperança de que as obras de recuperação ali iniciadas iriam continuar no sentido de uma restauração progressiva, ainda que paulatina. Post a Reply 4. cpfeio 8 Outubro, 2021 Há anos que penso que se fosse legislador proibia novas construções quando nas redondezas existissem equipamentos passíveis de algum aproveitamento. O desleixo nacional e a febre do ‘novo’ (nada contra!) mostra como um País pobre adora parecer rico. Por isso em qualquer acto que tenha a ver com ‘desgovernos’, estou out! Post a Reply SUBMIT A COMMENT CANCELAR RESPOSTA O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com * Comentário * Nome * Email * Site Δ Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários. Pesquisar por: Iniciativas de Associados: 2024-11-02 - No próximo dia 2 de Novembro, sábado, às 14,30h, vai acontecer a apresentação do livro a coragem da cor , da autoria da nossa associada Ana T. Freitas, na Feira do Livro de Coruche 2024. A apresentação vai estar a cargo de Domingos Lobo. Diz-nos a autora: «Este livro foi concebido, como os meus outros, no nosso país, parido no Brasil, em S. Paulo e lançado naquele país na Bienal do Livro de S. Paulo 2024, em Setembro passado. Depois do lançamento em Portugal, em Oeiras, na Espaço e Memória, será uma felicidade poder contar consigo em Coruche. Coruche é também o canto onde a "a coragem da cor" se aconchega». ARTIGOS RECENTES * Sugestão: Rota das Pinturas a Fresco do Alentejo, com Rodrigo Dias * Dia Nacional do Mar – Sábado, 16 de Novembro * Uma sugestão a não perder: Os Diários de Thomaz de Mello Breyner, com Margarida Ramalho * Temas e Debates na Casa da Malta – com Elisabete Brites Albuquerque * Informação: já foi atingido o número limite de inscrições da iniciativa abaixo descrita: COMENTÁRIOS RECENTES * Marília Lusitana Moita Teixeira de Sousa em Iniciativas Espaço e Memória para o mês de Novembro | Almoço de Natal da EMACO (07 de Dezembro) * Ana Oliveira em 17 de Agosto, pelas 17h00 – Apresentação do livro «O Aroma das Palavras», de Lúcia Saraiva * Teresa sousa em A EMACO na Fundição de Oeiras * Fernando Lopes em Conversa desfiada com Virgílio Reis * Luísa Alves em Visita a Serpa – dias 18 e 19 de Maio ARQUIVO Arquivo Seleccionar mês Novembro 2024 (6) Outubro 2024 (5) Setembro 2024 (6) Agosto 2024 (2) Julho 2024 (2) Junho 2024 (4) Maio 2024 (7) Abril 2024 (5) Março 2024 (13) Fevereiro 2024 (2) Janeiro 2024 (7) Dezembro 2023 (3) Novembro 2023 (4) Outubro 2023 (5) Setembro 2023 (4) Agosto 2023 (2) Julho 2023 (3) Junho 2023 (8) Maio 2023 (10) Abril 2023 (6) Março 2023 (5) Fevereiro 2023 (4) Janeiro 2023 (3) Dezembro 2022 (6) Novembro 2022 (6) Outubro 2022 (5) Setembro 2022 (4) Agosto 2022 (4) Julho 2022 (6) Junho 2022 (11) Maio 2022 (8) Abril 2022 (6) Março 2022 (6) Janeiro 2022 (1) Dezembro 2021 (4) Novembro 2021 (7) Outubro 2021 (3) Setembro 2021 (6) Agosto 2021 (2) Julho 2021 (3) Junho 2021 (3) Maio 2021 (10) Abril 2021 (10) Março 2021 (5) Fevereiro 2021 (2) Janeiro 2021 (2) Dezembro 2020 (3) Novembro 2020 (2) Outubro 2020 (2) Setembro 2020 (1) Agosto 2020 (5) Julho 2020 (9) Junho 2020 (6) Maio 2020 (12) Abril 2020 (23) Março 2020 (14) Fevereiro 2020 (7) Janeiro 2020 (1) Dezembro 2019 (2) Novembro 2019 (2) Outubro 2019 (6) Setembro 2019 (5) Agosto 2019 (6) Julho 2019 (3) Junho 2019 (3) Maio 2019 (4) Abril 2019 (2) Março 2019 (6) Fevereiro 2019 (4) Janeiro 2019 (1) Dezembro 2018 (2) Novembro 2018 (2) Outubro 2018 (8) Setembro 2018 (5) Agosto 2018 (4) Julho 2018 (4) Junho 2018 (4) Maio 2018 (4) Abril 2018 (4) Março 2018 (5) Fevereiro 2018 (2) Janeiro 2018 (3) Dezembro 2017 (2) Novembro 2017 (1) Outubro 2017 (3) Setembro 2017 (2) Julho 2017 (1) Maio 2017 (3) Abril 2017 (1) Março 2017 (1) Setembro 2016 (1) Agosto 2016 (2) Julho 2016 (9) Junho 2016 (3) Abril 2016 (1) Novembro 2015 (3) Outubro 2015 (1) Julho 2015 (3) Junho 2015 (1) Maio 2015 (1) Abril 2015 (3) Março 2015 (1) Fevereiro 2015 (2) Dezembro 2014 (1) Julho 2014 (1) Abril 2014 (1) Março 2014 (1) Dezembro 2013 (1) Outubro 2013 (1) Agosto 2013 (2) Julho 2013 (6) Junho 2013 (1) Março 2013 (1) Fevereiro 2013 (3) Janeiro 2013 (1) Dezembro 2012 (2) Outubro 2012 (1) Setembro 2012 (3) Agosto 2012 (7) Julho 2012 (5) Maio 2012 (1) Abril 2012 (1) Março 2012 (2) Outubro 2011 (1) Agosto 2011 (5) Julho 2011 (2) Abril 2011 (1) Fevereiro 2011 (3) Janeiro 2011 (1) Outubro 2010 (1) Setembro 2010 (3) Agosto 2010 (2) Julho 2010 (2) Maio 2010 (2) Abril 2010 (4) Março 2010 (2) Janeiro 2010 (1) Dezembro 2009 (2) Julho 2009 (2) Abril 2009 (1) Março 2009 (2) Outubro 2008 (1) Julho 2008 (1) Janeiro 2008 (1) Setembro 2007 (1) Julho 2007 (1) Julho 2006 (1) Setembro 216 (1) Designed by Elegant Themes | Powered by WordPress * A Promise or Agreement to Do Something * 구글 플레이 북 다운로드 * 공신폰 다운로드 * 플립영화 다운로드 * 한컴 오피스 2010 se 뷰어 다운로드 * 퀵리포트 다운로드 * 펭귄 브라더스 다운로드 * 마이크로소프트 소프트웨어 다운로드 * 대탈출 6화 다운로드 * 남인수 노래 다운로드 * 리미트리스 드림 다운로드 * 비주얼 스튜디오 2010 서비스팩1 다운로드 * 즐톡톡 다운로드 * 초서체 다운로드 * 인벤터 2016 키젠 다운로드 * 위닝일레븐 2016 다운로드 * 갤럭시 내파일 다운로드 * 링 오브 엘리시움 다운로드 * 라인 쿠키런 다운로드 * ohcastra 다운로드