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CAMINHOS ABERTOS

espaço para difusão de algumas coisas que tenho vivido, pesquisado e descoberto!
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STORY OF BROKE « THE STORY OF STUFF PROJECT

Posted on 12 de dezembro de 2011 by roberta

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VIVE LA FRANCE!

Posted on 25 de outubro de 2011 by roberta

A França, por sua forte história política e social sempre esteve no imaginário
de muitos de nós. Confesso que no meu esse país tinha um espaço especial. Quando
tive a oportunidade de escolher um novo país para morar na Europa, essa foi
minha opção. Mas em outro momento explico melhor tudo isso, agora quero falar de
outra coisa.

Do dia 11 de setembro. Dia fatídico no qual eu tive que virar as costas e seguir
meu caminho. Tive que suportar por alguns segundos a vontade de voltar, mas
tinha que ir. Tinha que aqui estar, porque talvez aqui seja o palco privilegiado
para viver o momento histórico pelo qual a Europa, e o mundo, passam.

Confesso que neste dia estava apreensiva. A bomba do meu onze de setembro era,
aparentemente, meus pais voltarem para o Brasil, e eu, seguir para minha nova
casa em Lille. Mas o dia reservava muito mais do que lágrimas de despedida. Como
boa (nova) francesa, acordei no hotel em Paris e logo fui buscar uma baguete.
Mas tudo estava uma confusão, não haviam baguetes!

Para meu espanto, a confusão era por conta de um evento esportivo – uma corrida.
Mas ao caminhar pelo parque que leva até a Torre Eifell, encontrei uma moto
incendiada. Pois eu sabia, que teriam havido manifestações na noite anterior.
Nada de surpreendende, já que a dois dias o governo francês instalava uma
homenagem aos dez anos do “maior atentado da história”.

Bom, dez anos depois eu pude sentir o 11 de setembro, ou o porque ele não é
esquecido. E conto-lhes, pra isso, minha última aventura na sexta à noite.

Sexta é sexta né, então como boa festeira saí das aulas e fui para o bar da
faculdade, de lá seguimos para o centro de Lille, onde vários bares animam a
noite da cidade universitária. Devo dizer-lhes que Lille é uma cidade
multicultural, conta com uns miles estudantes, muitos intercambistas do Erasmus,
portanto, muito estrangeiro de todos os lados.

Todas as ruas e bares estavam cheios, francês por todos os lados, eu meio
bêbada, já me sentia um pouco confusa. Na porta da primeira discoteca-bar o
segurança nos olhou e disse que não poderíamos entrar, “é um bar privado” disse,
apontando para uma placa, “vocês precisavam enviar um email com nomes para a
lista”. Sem pensar, lhe perguntei se aquilo era verdade, e o outro rapaz da
porta já ria para mim, indicação de que algo de errado acontecia.

Meu amigo, um tunisiano com traços marcantes, me levou a segunda tentativa. Um
segurança negro nos barrou novamente, dizendo que não poderíamos entrar. Ao
questionamos se era porque o tunisiano era Africano, a resposta do enorme
(africano) segurança foi que aquilo era uma ofensa. No terceiro e último bar, a
mesma coisa aconteceu e minhas perguntas não eram mais respondidas. O problema
não é ser Africano, é ser arabe.

Digo-lhes que naquele momento, só podia tentar dizer a alguns franceses que
passavam com seu característico blazê que aquilo era decepcionante.
Decepçionante, mas esperado. Tenho certeza que eu estava mais brava com a
situação que o próprio tunisiano, já acostumado com o tratamento.



A bela “ville des fleurs” caiu aos pedaços. Apesar de a todo momento ver
mulheres com o véu ou a burca, apesar de morar em frente a uma igreja muçulmana,
apesar de tanta multiculturalidade, apesar da amável maneira como os franceses
me tratam …. muchou meu entusiasmo, e mesmo regando com vinho sinto-me estranha.

Decidi olhar melhor para essa tal multi.culturalidade.

Primeiramente gostaria de diferenciar o momento histórico desta miscigenação. Ao
contrário do povo brasileiro, que se formou na mistura, a Europa se formou nas
divisões. E de alguma maneira elas têm se acentuado com a atual crise.

Formam-se cada vez mais quartiers de cada uma das nacionalidades aqui presentes.
As periferias são recheadas de supermercados ou igrejas advindas juntamente com
as diferentes culturas. E neste momento, ao contrário do passado, as pessoas que
imigram para a Europa, mantém suas caracteristicas culturais, deixando a mostra
uma ruptura na sociedade francesa[européia]. Percebo cada vez mais esta
diferença entre a imigração dos anos 80-90 para a do momento atual.

Felizmente, nosso país é respeitado cada vez mais. Admirado, é alvo de
curiosidade. Aqui, confesso, ainda mais que em Portugal. Talvez exatamente pelo
fato de que, aqui, poucos brasileiros vieram tentar a vida de imigrante, ao
contrário de Lisboa, ou talvez Paris.

Apesar de ser bem recebida e de não ter problemas de pre-conceitos (até porque
aparentemente, sou européia), algumas vezes o senso de humor frances passa do
aceitável e torna-se preconceituoso. É o caso, por exemplo, de um rapaz que,
numa agradável noite com amigos, vira-se pra mim e diz “que o brasil não
compartilha do espaço schengen” (territórios comuns da UE, com transito livre de
pessoas). E por isso fico fora da roda.

Ou quando referem-se aos “povos do leste” de maneira não tão simpática. Mas eu
voltarei aos leste-europeu em outro momento. A mistura é estimulada pelos vários
programas de fomento ao “sentimento e entendimento europeu”, mas ainda está
muito longe de ser o que é o nosso mexido-bem-brasileiro. Eles continuam nos
invejando por isso, e por muito mais. E nós, continuamos aqui, tentando entender
um pouco dos seres-franceses.

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EDGAR MORIN

Posted on 7 de outubro de 2011 by roberta

 Volto no metro ainda olhando para meu velho “o Paradigma Perdido”, livro que
comprei por 3euros na Feira da Ladra de Lisboa, já com anotações do seu antigo
dono, e inevitavelmente, muitas minhas. Foi o primeiro de muitos de seus livros
que me cativou. Agora junta-se a escrita de Edgar Morin. Numa palestra de duas
horas e meia, Edgar Morin tratou, sempre com seu olhar complexo, o tema da
cultura planetária.

http://culture.univ-lille1.fr/agenda/detail/article/conference-inaugurale-de-luniversite-lille1.html

A dificuldade de debater o tema da cultura advém da complexidade que este termo
envolve, é como um camaleão, diz Morin, pois representa muitas coisas, muitas
vezes distintas entre si. Podemos perceber a cultura hoje dividida em três
culturas diferentes : a Cultura da Natureza (inclusive a humana); a cultura da
educação/das humanidades (tradições, ritos, cozinha, música, línguas, etc) e a
cultura científica (advindo do conhecimento grego e das universidades). A falta
de comunicação entre elas e a suposta superioridade de uma sob as outras
consciste num dos maiores erros atuais da humanidade.

A estética surgiu como nossa forma de nos dar ao mundo, porém foi absorvida pela
cultura científica e regulou o desenvolvimento da universidade, fatores que
promoveram o grande desenvolvimento da cultura ciêntífica, mas também a sua
separação da cultura das humanidades, eliminou a subjectividade do sujeito, e
fez com que o principal pilar de nossa sociedade atual ficasse separado do
próprio sujeito/homem. A enorme compartização do conhecimento nos leva ao que
Morin diz ser uma tragédia cognitiva: quando é que estudamos o que é ser
humano? 

Segundo a visão deste pensador, deixamos de pensar o que somos, o porque vivemos
ou como chegamos aqui, para simplificar tudo ao redor de números e fórmulas, com
a economia como força alienatória da vida humana. Estamos sobre a dominação
numérica, mas não podemos contar a alegria, quantificar o amizade, as relações
sociais, (l´amour!) … Esquecemo-nos que somos seres do Planeta Terra, advimos da
evolução das primeiras células e carregamos, em nosso organismo complexo, toda a
evoluçao da Terra, somos parte da história do universo. Segundo Morin passamos
por uma crise da humanidade (e não somente da civilização) que é também momento
de oportunidade, e precisamos de mudanças profundas na nossa sociedade e em cada
um de nós. 

A era global que vivemos bera o perigo da homogenização cultural, mas a mesma
tendência à destruição pode ser vista no seu oposto, como a tendência à
reciclagem e à mistura, que nos levaria a um mundo ainda mais complexo do que o
que vivemos. Por isso atualmente a cultura está numa constante luta entre a
originalidade e a mistura. Mistura não é a unificação, é complexificação.

Neste momento, Morin explica sua paixão pelos romances e filmes. Fala sobre como
a literatura, a música ou o cinema são importantes para abrir ao mundo a
história, as tradições, os ritos de países antes desconhecidos de nossos
imaginários. Mesmo as novelas, diz ele. Também declara seu amor ao Flamenco,
música e dança tradicional dos ciganos, que estava a beira da extinção quando
grupos de jovens espanhóis na Andaluzia o retomaram, o reciclaram e novamente o
transmitiram para o mundo. Tal como o jazz. É pela mistura que a cultura
sobrevive, e espalha-se.

Retoma então a ideia de que são os jovens que têm a aspiração e produzem a
fermentação necessária para mudanças na sociedade, ainda não complementamente
domesticados pela super-estrutura sistêmica. E enfatiza a importância da
ciberCultura nos dias atuais.

Ao mesmo tempo que permite a comunicação direta entre os diversos grupos sociais
(tanto bons quanto ruins – reativos, grupos de pressão, mafiosos, etc),
mantem-se como força econômica e política. Amplia as possibilidades de busca
livre pelo conhecimento, gerando autodidatas em vários temas, ao mesmo tempo que
pode significar empobrecimento da comunicação (já que informação não é
necessariamente traduzida em conhecimento).

Morin defende uma reformulação completa do modo de construção do conhecimento,
onde o sujeito percebe-se na dualidade entre ser parte do universo e ser um
indivíduo único. No qual as disciplinas dialogam e complexificam-se para
compreender o mundo que nos forma. No qual as várias formas de construção da
realidade são interligadas para entendermo-nos. Um mundo no qual « A poesia
recitada par cœur não é algo que se escreve ou se lê, é algo que se vive. É a
nossa forma de nos dar ao mundo. ».

Ao terminar, voltou a seu lugar na mesa, recolocou o relógio e aguardou atento
pelas perguntas. Minha alegria de vê-lo a uma distância mínima foi a de perceber
que ele é como nós, revolucionário, energético quando fala, com brilho no olhar
e com um pensamento que brinca com as (inter)ligações. Um sujeito que busca
religar os conhecimentos para entender o que somos, que coloca o mesmo peso na
ciência, nas tradições, na música e na dança, na dramaturgia e na história. Um
sujeito complexo, que nos mostra que o mundo que vivemos é o todo e a parte de
nós. 

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Posted in economia solidária, leituras que inspiram, viajANDO | Tagged
complexidade, cultura, edgar, morin, planetária | 1 Comment


VOLTO A ESCREVER … SIGAM OS CAMINHOS

Posted on 1 de outubro de 2011 by roberta




Acaba-se um ano, e começasse outro. Faz um ano que estou longe. Reencontro meus
pais. Me mudo novamente, indo agora de Lisboa para Lille. Passo a acordar e
dormir falando francês. Mudo a alimentação e os conhecidos. Mudo as roupas de
verão pras de inverno. Daqui um mês.

Mas quanto tempo passa num tempo todo?

Depois de tanto silêncio, sinto-me novamente pronta para falar, ou escrever.
Foram meses de muitas descobertas, pra dentro e pra fora do meu ser. Foram dez
meses de vida européia, dez realidades distintas em diferentes terras e
experiências. Foram muitos dias de silêncio e conversa comigo e com teorias,
histórias. Foram outros tantos de agitação, falas, música. Confesso que a minha
saída do Brasil não me era bem entendida quando aconteceu. Hoje talvez eu
entenda um pouco, mas ainda busco, cada vez mais, a compreensão. Vivemos em
tempos difíceis, tempos turbulentos. É nosso destino, como geração dos oitenta.
Os 1984, incrivelmente George Owen na nossa realidade cotidiana.

Tornei-me polaca de verdade, e me adaptei aos costumes europeus. Coisas do
cotidiano que nos mostram como mudamos por conta da sociedade e sua cultura.
Atravessar somente na faixa e com o sinal verde, fazer o contrário em alguns
lugares motivo para uma bela multa (londres.berlin), costume em todos os lados.
Andar pelo Bairro Alto (lisboa.portugal) sem esbarrar em nenhuma de suas
centenas de frequentadors. Pagar os ônibus sem catracas nem cobradores, tendo
como observadores os outros utilizadores do mesmo.

Aflorei meu patriotismo. Meu brasil brasileiro, gigante pela própria natureza. A
europa é invadida por nossa grandesa. Turistas, estudantes, imigrantes,
trabalhadores, empresários, políticos. Bem vistos e (também) mal vistos.
Felizes, cansados, festivos, viajentes, emotivos, alegres, explorados,
exploradores. Alvo de (des)interesse.

Em berlin.alemanha vi e vivi a diversidade, a cultura, o questionamento. No meio
de duas experiências distintas e muito mais complexas: Carla Andraus voltando à
nossa terra depois de um ano andando pela europa. Ana Luíza Toledo começando a
acostumar-se com a babilônia londrina.Todas com expectativas, percepções e
processos distintos. Todas dividindo e criando juntas.

Ao descobrirmos o www.berlinlaght.be não imaginava quanto seria importante para
mim. Era como um grande www.festival.de.cultura.art, performaces incríveis,
estrutura alternativa e suficiente, interação do público, oficinas, brinquedos,
artesanato, artistas de rua. Mas foi quando ele acabou que me caiu a ficha. Como
boa brasileira, arranjei nossa entrada na festa dos artistas e produtores do
berlin.laght, e aí, rimos da antiga roberta agindo como a lider. E percebi, que
o período de adaptação passou, que continuo sendo eu, algumas coisas mudaram,
mas a essência continua.

Pois se até meu português agora é chamado de brasileiro, e se autocarro, casas
de banho, mortálias e gajos são motivo de piada nas ligações do skype, creio que
também a menina roberta (como falante lisboeta) mudou-se. O caminho segue, as
experiências intensificam, as oportunidades surgem, o sol se põem assim como a
lua. Algumas coisas se diz, outras se vive. Reabro as publicações nos
www.caminhosabertos.soylocoporti.org.br e espero transmitir-lhes um pouco disto
tudo misturado. Teorias e práticas. Pensamentos e viagens. Vida.

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SINTRA :: COMO UM CONTO

Posted on 23 de setembro de 2010 by roberta

O vilarejo de Sintra fica a um trem de distância de Lisboa. Ou melhor, um
comboio, como aqui eles chamam. Essa viagem me abriu os olhos pra África que
aqui está presente. Sim, porque é por esse trajeto de subúrbios de Lisboa que se
vê muitos deles apressando-se para cumprir seus afazeres. É um trajeto de trinta
minutos que me fez pensar muito.

Refletir sobre o funcionamento das grandes cidades e como elas são praticamente
iguais no mundo todo: o centro e a periferia. Os que ostentam e os que
sustentam. Os que correm e os que apreciam a vista. Os que falam o português
correto e àqueles que falam dialetos. Do outro lado do oceano, ainda temos dois
pesos e duas medidas. Só que aqui, os negros são africanos, estrangeiros
explorados, isolados e necessários. São eles que estão nos cargos de limpeza,
reposição nos supermercados, caixas. Mas também são eles que riem, que cantam,
que se divertem com seu próprio tempo. São eles que me fazem lembrar o Brasil, a
descontração de ser. A alegria de não ter nada, mas ao mesmo tempo estar com os
outros. Me senti saudosa do nosso povo, e ao mesmo tempo muito instigada a com
eles desenvolver algum trabalho. Aprender suas línguas, suas maneiras, seus
costumes. Acho que por conta da proximidade/influência na nossa própria
formação.

Mas, foi ao chegar em Sintra que me deparei com uma grande descoberta. Um sítio
arqueológico da história política e cultural do povo português. Um vilarejo que
atrai turistas e revela a grandiosidade do império português da época das
explorações além mar.

A cidadela é no meio de um vale. Onde pode-se visitar cinco diferentes lugares
em diferentes estágios de conservação: Castelo dos Mouros, Convento dos
Capuchos, Parque e Palácio de Monserrate e Parque, Quinta da Regaleira e Palácio
da Pena. Eu tive que optar por dois deles, e comecei visitando o Parque da Pena.
Ali, viveram, por quatro gerações, uma das famílias que controlava o comércio
têxtil (de 1820-1930). Buscando o melhor do seu tempo, com o auxílio de
botânicos reflorestou toda a área com plantas nativas do mundo todo, que ele
trazia das expedições que lhe davam o dinheiro para tanto luxo. O jardim é
finamente ornamentado, com árvores de mais de 20m de altura, e hoje apresenta
algumas construções tomadas pela natureza. Em estilo romântico, sua casa era
finamente decorada, do chão ao teto. Além de moderno, pois ali já haviam todas
as ligações de energia e calefação necessárias para uma vida tranquila de sua
família (antes mesmo de outros castelos da região o terem).

Infelizmente, esta propriedade ficou abandonada após a derrocada da família, que
a vendeu a investidores privados, que por sua vez venderam os móveis, obras de
arte e que, já estavam loteando a propriedade para vendê-la aos pedaços. O
governo português então interviu. Arrematou a propriedade e a deixou fechada,
apodrecendo. Cinquenta anos depois, com as leis de incentivo e investimentos
estrangeiros, a área começou a ser restaurada. Hoje a visitação está aberta em
algumas partes internas. Ao sair, para minha surpresa, uma moça me convida para
uma palestra que ali aconteceria: sobre a biodiversidade da região e os
cogumelos ali presentes, os quais eu já havia visto no jardim. Meu tempo era
escasso, então, como disse a portuguesinha “nada de cogumelos?” … “infelizmente
tenho pouco tempo, e minha viagem ao passado português deve continuar”.

Sigo então para a Regaleira. Uma propriedade espetacularmente ornamentada. O sr.
Carvalho Monteiro era no mínimo excêntrico, e muito influente. Um local para
festas e ocasiões especiais. Ao adentrar a propriedade, percebe-se que não era
simplesmente diversão que ali ocorria. Algumas das construções refletem seu real
uso: a política. Há um local onde se faziam reuniões. Diversas construções se
conectam no que dizem ser “a passagem” para que os novos membros entrassem na
rede de relações dos maçons.

O que mais chama a atenção é a Torre Invertida, que se afunda cerca de 27m no
interior da Terra, com acesso através de uma monumental escadaria em espiral.
Toda construída com base na numerologia (múltiplos de 3, e totalizando equações
na base do 9, número perfeito para os maçons). Dizem que por ali entravam os
novos membros, e que sozinhos, deveriam chegar à saída, passando por túneis,
labirintos de pedras e finalmente passando por cima de um lago (como na Ilíada)
sob pedras que poderiam afundar a qualquer mau passo. O caminho? Sempre a
direita, pois esse é o lado correto e do bom caminhante.

O Castelo encontra-se muito bem consevado, e pode-se visita-lo tanto andando,
quanto vendo as imagens em uma tela como um video-game, incrível. Em sua torre
principal, um laboratório de alquimia. A vista é sensacional, da propriedade e
da região.

Depois ainda sobrou energia pra pegar um ônibus que me levaria a Cascais, um
balneário de veleiros. Por sorte ocorria naquela noite uma grande festa
cultural, com vários palcos espalhados pelas ruelas de pedras e antigas
construções. Desde o brasileiro samba com mulatas, até DJ’s e apresentações de
teatro de rua, arte circense e ao final, um espetáculo simples mas belo demais:
sobre a costa, com veleiros no mar escuro da noite, os organizadores enviavam
aos céus pequenos “balões” com fogo. E ali, olhando aquele belo espetáculo me
lembrei de como são importantes nossas ações como Coletivo de levar a arte às
ruas da cidade. Infelizmente, a essa altura, as pilhas da máquina já não
respondiam, e eu, também precisando recarregar as forças, fui-me deliciar com
uma especiaria da culinária portuguesa: bacalhau com natas. Final de semana de
conto de fadas pra começar a conhecer Portugal.

*em breve:: primeiras impressões de Lisboa e minha adaptação às mudanças

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sintra, viajens | Leave a comment


CHORA, CHORA, CHORA MAS NÃO SE DEMORA ….

Posted on 16 de setembro de 2010 by roberta

As despedidas se delongaram. Se a princípio minha entrada no mestrado de
Economia Política e Social do ISCTE (www.iscte.pt) foi uma surpresa fulgás, a
espera pelo visto e por todos os arranjos pra ir-me pras outras terras além mar
se delongaram. Isso me deu tempo de comemorar várias vezes meu aniversário e
minha despedida. Aí podemos observar de duas perspectivas, dois pontos, como
sempre, o lado bom e o ruim.

Primeiro, da perspectiva da minha vida. O bom é que estava exatamente no meu
momento astral pra que a mudança ocorresse. Sim, acredito que o aniversário é
sempre momento de virada. Virada do ano, do clima, da vida. E sim, veio a
calhar. O lado ruim? A espera, a ansiedade, as dúvidas, o inferno astral.

Segundo, da perspectiva do momento. O bom é que, sabendo que a chegada em Lisboa
e meu sucesso inicial lá dependerão de meu empenho pessoal, bebi e festei
bastante pra lá ficar tranquila pra labutar, correr atrás das resoluções de
minha nova vida, sem o peso da ressaca, a qual nos últimos tempos esteve
presente em várias manhãs pós-festas-despedidas com tantos amigos e grupos
diferentes. O lado ruim, é que a cada festa, a cada encontro, sabia que aquele
podia ser o último a ver os rostos conhecidos, ter conversas intimistas e
chorar. Isso muito aconteceu. Chorei como nunca. Ruim, pois voltava a
reencontrar os amigos e parecia que era mentira. Voltava a chorar e lamentar a
falta que sentiria. Comecei a pensar que o dia não chegaria.

Pois chegou. E acá estou. Sozinha, depois das últimas despedidas, que
obviamente, foram as mais difíceis. Sei que as distancias hoje não são grandes
(com os meios de comunicação como estão), que dois anos passam muito
rapidamente, que logo receberei visitas das pessoas queridas e conhecidas do
Brasil. Mas ainda assim. É uma mudança enorme.

Eu, jovenzita que sou, saio pela primeira vez da “casa de mamãe”. Pela primeira
vez também viajo com a perspectiva de mudança de vida, e não da aventura de
conhecer. Pela primeira vez entro num mestrado, com o peso de uma outra língua
(português de Portugal não é como no Brasil). Vou-me sozinha, sem casa, sem
emprego, sem noção?

Não, não. A noção eu trouxe. Assim como as preciosidades que me lembram de todos
que deixei pra trás. Cartões, presentes, lembranças, gestos e imagens. Cada um
desses momentos finais no Brasil me fizeram perceber quão importantes são as
pessoas. Aqueles que comigo sonharam, comigo desejaram, comigo viajaram nesta
viajem antes mesmo dela se concretizar. E que, agora, comigo, seguem o rumo do
desconhecido. Sinto a energia de todos vocês.

Sei que a vida continua. E o tempo passará e mudará muito Curitiba e seus
habitantes conhecidos por mim. Penso quão diferente verei esta cidade, estes
lugares e pessoas quando voltar. Não só por estar fora, mas por mudar-me. Por
transformar-me com a nova experiência. Por saber que a vida nunca pára. Que
todos seguirão seus rumos. E que, sem vê-los perceberei mais as diferenças. Pois
elas estarão em mim tanto quanto em vocês.

Desejo, agora, apreensiva esperando o vôo que me levará além mar, que todos,
todas e tudo mude pra melhor. Que a minha ausência seja motivo de alegria. Que
minhas descobertas sejam instigantes pra que outros sigam novos caminhos. Que
meu futuro seja tão cheio de energia quanto é meu passado. E que a nova fase
seja realmente a realização de um sonho. Como nas vidas das pessoas que tomam
decisões que mudam tudo, até mesmo sua forma de ver e viver a vida. Recomeço,
com 26. Recomeço. Com saudades do que foi, do que não foi e do que será. Pois
agora, terei saudades dos dois lados, quando em um estiver, do outro sentirei
falta. Não é? Ora pois …. donde estoy?

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ÍNDICE GLOBAL DA PAZ – O BRASIL EM 83′

Posted on 13 de junho de 2010 by roberta

Da Agência Brasil
BRASÍLIA – O Brasil ocupa o 83º lugar em um ranking que identifica aspectos de
violência em 149 países, no qual os primeiros são considerados os países mais
pacíficos. A pesquisa é feita pelo Instituto para Economia e Paz, baseado na
Austrália. Na América Latina, o Brasil é o 10º país mais pacífico. A melhor
posição na região é ocupada pelo Uruguai, depois pela Argentina, pelo Paraguai e
pela Bolívia. As informações são da BBC Brasil.

O fim da violência levaria a um ganho de cerca de US$ 101 bilhões anuais à
economia do país, de acordo com a análise do instituto. Segundo cálculos da
entidade, o Brasil teria tido um Produto Interno Bruto (PIB) US$ 101,66 bilhões
mais alto, não fosse a violência interna e de US$ 8,44 bilhões a mais sem a
violência fora do país. O PIB brasileiro foi de US$ 1,57 trilhão no ano passado.

A criminalidade em geral, observando a quantidade de homicídios, a percepção do
que é violência pela sociedade, o acesso às armas de fogo e o nível de respeito
aos direitos humanos são apontados como os principais pontos negativos do país
entre os mais de 20 indicadores analisados para o índice.

Em uma pontuação que vai de 1 (mais pacífico) a 5 (menos pacífico), o Brasil
teve 2,048 neste ano. O dado revela uma piora em relação a 2009, quando o índice
registrado no Brasil foi de 2,022. Ainda assim, o país subiu duas posições no
ranking em relação a 2009.

O instituto publica anualmente o Índice Global de Paz (IGP), que mede
indicadores de segurança e violência no mundo. A Nova Zelândia aparece em
primeiro lugar, seguida pela Islândia, o Japão, a Áustria e a Noruega.

No ranking da América Latina, em que o Brasil é o 10º lugar, as posições dos
países vizinhos são: Uruguai, 24º lugar; Argentina, 71º lugar, Paraguai 78º e
Bolívia (81ª). Os Estados Unidos aparecem em 85º lugar.

Os piores índices em relação à violência foram registrados no Iraque
(149ºlugar), na Somália (148ª posição) e no Afeganistão (147º lugar) detalhe:
dois destes países que ocupam os últimos lugares sofreram interferência externa
por parte dos EUA para ‘promover a democracia’… ou fomentar a indústria de
guerra deles (!). Segundo a análise do Instituto para Economia e Paz, o ganho
potencial para a economia mundial, caso toda a violência no mundo cessasse,
seria de US$ 7 trilhões no ano passado, ou 13,1% do PIB global.

O estudo diz que os setores que mais teriam a ganhar com o fim da violência
interna no Brasil seriam restaurantes e hotéis, comércio e indústria. Juntos,
esses setores poderiam gerar um adicional de US$ 50,95 bilhões com a paz interna
e externa.

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VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DO ACTA – ACORDO COMERCIAL ANTI-FALSIFICAÇÃO ??? ENTÃO,
DEVERIA SE INTEIRAR ….

Posted on 4 de junho de 2010 by roberta

Texto retirado do site da Le Monde Diplomatic Brasil – veiculada em 29/03/2010
http://diplo.org.br/Dossie-ACTA-para-desvendar-a



O que é, como foi revelado e quais os desdobramentos do acordo internacional
secreto que pode bloquear a trocas pela internet, proibir os medicamentos
genéricos e ampliar as desigualdades entre países ricos e pobres. Há
alternativas?

Em 25 de março, o governo de Barack Obama tornou público o esboço de um acordo
internacional espantoso. Eufemisticamente denominado ACTA – as iniciais em
inglês de Acordo Comercial Anti-Falsificação [1] –, ele tem objetivos muito mais
vastos. Incide sobre a circulação de bens simbólicos – a atividade que mais
mobiliza a criatividade humana no presente, e também a que mais desperta
expectativas de lucros. Mas o faz no sentido do controle. Ao invés de incentivar
e qualificar a expansão das trocas livres, restringe e mercantiliza o
intercâmbio de cultura, conhecimento, marcas e fórmulas necessárias ao combate
das doenças.

Recorre, para tanto, a métodos totalitários e policialescos, que ferem em
múltiplos pontos a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Permite violar
correspondência sem ordem judicial e intervir na comunicação pessoal. Encarrega
os provedores de acesso à internet e os serviços de hospedagem de sites de
vigiar e punir os internautas. Criminaliza, em especial, a troca não-comercial
de arquivos via internet, o que ameaçaria milhões de pessoas com penas de prisão
[2]. Atinge kafkianamente o software livre – ainda que os programadores que o
constroem não reivindiquem direito a propriedade. Como frisa James Love, no
Knowledge Ecology International, um dos site envolvidos na mobilização
internacional sobre o tema, o ACTA enquadra, sob o conceito de “escala
comercial”, não apenas o que tem “motivação direta ou indireta de ganho
financeiro”, mas “qualquer sistema de grande amplitude”. Em outras palavras, as
grandes corporações que comercializam produtos culturais querem colocar fora da
lei aqueles que os oferecem gratuitamente…. É uma ameaça, a longo prazo, até
mesmo a serviços como o Google [3].

Estabelece penas que ultrapassam a pessoa do suposto infrator, violando um
princípio jurídico que vem do direito romano [4]. Bloqueia a circulação
internacional de medicamentos genéricos, que considera frutos de violação à
propriedade intelectual das indústrias farmecêuticas. [5]. Submete os serviços
públicos de alfândega a interesses e determinações de empresas privadas. [6].
Procura frear a emergência dos países do Sul do planeta e a possibilidade de uma
divisão mais justa da riqueza — congelando a divisão internacional do trabalho
hoje existente.

* * *

Debatido sigilosamente há três anos, o rascunho do acordo só veio à luz depois
de uma série de pressões de grupos da sociedade civil e de alguns parlamentares.
Mas a falta de transparência nunca foi completa. Sucessivas baterias de reuniões
internacionais foram desenhando o ACTA. A elas tiveram acesso os governos de um
pequeno grupo de países: Estados Unidos, Japão, Suíça e União Europeia, desde
2007; Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Emirados Árabes, Jordânia, México,
Marrocos, Nova Zelândia e Singapura, numa segunda etapa. E embora excluíssem os
Parlamentos, os representantes do Poder Judiciário e a sociedade civil, os
governantes sempre tiveram a companhia dos grandes lobbies empresariais [7] — o
que bastaria para atestar o caráter não-republicano e ilegítimo da proposta.

* * *

O ACTA é o lance mais recente de uma grande disputa civilizatória, que emergiu
na virada do século e marcará, agora está claro, as próximas décadas. Por um
lado, a economia do imaterial e a internet abrem, entre os seres humanos,
possibilidades inéditas de liberdade, autonomia, des-hierarquização, invenção e
criação colaborativas de riquezas. Na direção oposta, setores do capital
procuram capturar esta riqueza comum. Para tanto, investem inclusive contra as
liberdades conquistadas já na época da Revolução Francesa.

Mecanismos para restringir a soberania dos Estados e sociedades, impedindo-as em
especial de “interferir” sobre a “autonomia” das grandes empresas, foram
propostos pelo Acordo Multilateral de Investimentos (AMI). Articulado até 1998,
no Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômica (OCDE), ele exigia
pagamento de indenizações aos “investidores”, sempre que os Estados adotassem
medidas que pudessem resultar em redução de lucros – uma legislação trabalhista
ou ambiental mais protetoras, por exemplo. Foi também negociado em sigilo, mas
ao final vencido por uma articulação da sociedade civil. Ela se espraiou por
diversos países – o que era, então, incomum – e ganhou força ao denunciar o
caráter oculto, e portanto antidemocrático, da iniciativa da OCDE.

Eram tempos de forte supremacia das ideias neoliberais. Por isso, a derrota do
AMI pareceu mero acidente de percurso. Mecanismos muito semelhantes foram
incluídos, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), na convocação de uma
rodada de negociações internacionais para liberalizar as trocas internacionais –
a chamada Rodada do Milênio. Ela previa, além disso, enorme pressão para que os
Estados desarticulassem suas redes de serviços públicos (Educação, Saúde, Água,
Saneamento, Transportes e tantos outros, em muitos casos gratuitos) e os
transformassem em mercadorias. Naufragou em Seattle, em dezembro de 1999, diante
de uma mobilização internacional maciça, de características até então
desconhecidas (como o protagonismo múltiplo e a horizontalidade) e diretamente
precursora dos Fóruns Sociais Mundiais.

Dez anos depois, o ACTA é a nova investida. Chega num cenário internacional
muito distinto: as ideias neoliberais perderam terreno; a colaboração via
internet faz parte do quotidiano (em especial, entre as gerações mais jovens);
países como China, Brasil e Índia ganharam força e iniciativa nos debates e
fóruns de decisão mundiais. Para fazer frente à nova realidade, o novo acordo
precisa expor ainda mais seu caráter autoritário. E já não é possível negociá-lo
abertamente em nenhuma instituição internacional – nem mesmo a OMC. Por isso, o
ACTA tem sido debatido em reuniões semi-informais, entre governos e grupos
empresariais. O próximo ocorrerá na Nova Zelândia, entre 12 e 16 de abril. A
própria aparição do texto-base só tornou-se inevitável depois que o Le Monde
Diplomatique francês teve acesso a vazamentos e publicou, em sua edição de março
último, um artigo, disponível no site Outras Palavras.

Ainda assim, subestimar o acordo seria um erro grosseiro. Embora seu prestígio
tenha recuado nitidamente, as ideias neoliberais ainda influenciam governos e
parte da opinião pública – inclusive porque, em oposição a elas, há valores e
certas políticas – mas ainda não um projeto de sociedade alternativo. Por isso,
leis nacionais com sentido muito semelhante ao do ACTA foram aprovados há poucos
meses na França (lei Hadopi [8] e nos Estados Unidos (DMCA [9]). No Brasil, a
Lei Azeredo, de idêntico sentido, chegou a ser votada no Senado, sendo revertida
graças a intensa mobilização da sociedade, que convenceu o presidente da
República. Há poucos dias, o próprio presidente dos EUA, para cuja eleição a
liberdade na internet foi fundamental, deu declaração enfática em favor do
acordo. “Vamos proteger de maneira agressiva nossa propriedade intelectual (…)
[Ela] é essencial para nossa prosperidade, e será cada vez mais, ao longo do
século. (…) Eis porque os Estados Unidos utilizarão todo o arsenal de
instrumentos disponíveis (…) e avançarão para novos acordos, em nome dos quais
se articula a proposta do ACTA [10]”.

* * *

Uma possível estratégia para enfrentar o acordo deveria envolver diversas ações
paralelas. A primeira é a denúncia da ameaça. Por se tratar de um acordo
internacional, ela deve ser igualmente planetária. Em diversas partes do mundo
começam a surgir articulações da sociedade civil em torno do tema. Entre elas,
destacam-se no momento La Quadrature du net (“A quadratura da net”,
www.laquadrature.net), na França, Knowledge Ecology International (Ecologia do
Conhecimento Internacional, www.keionline.org), nos Estados Unidos, e PublicACTA
(http://publicacta.org.nz, na Nova Zelândia), que inclusive prepara um encontro
internacional da sociedade civil, paralelo à próxima reunião internacional de
articulação do ACTA, em Wellington. A forte presença de um movimento de
resistência nos países ricos deixa claro que a luta em favor da liberdade de
conhecimento precisa envolver também as sociedades civis e organizações
políticas do Norte.

Construído num fórum informal, o acordo não poderá ter aplicação imediata – nem
mesmo quando os países participantes chegarem a um acordo, numa de suas próximas
reuniões. O caminho traçado por seus promotores, nas condições atuais, passa
provavelmente pela aprovação de leis derivadas do acordo em parlamentos
nacionais dos países do Norte. Lá, como deixa claro o discurso de Obama, os
interesses econômicos dos que se julgam titulares de propriedade intelectual são
mais fortes.

O passo seguinte seria transpor os mesmos dispositivos para o Sul. O caminho
mais fácil para tanto são os acordos de comércio bilateral. Por meio deles, os
países ricos podem, por exemplo, abrir seu mercado a certos produtos agrícolas,
reivindicando em contrapartida grandes concessões na área de propriedade
intelectual.

Para prevenir esta armadilha há, além do debate de ideias, um recurso
institucional: é a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). Parte
do sistema ONU, ela foi bastante criticada, no passado, por reproduzir algumas
das distroções comuns às organizações multilaterais [11]. Porém, debate, há
alguns anos – e aqui está outro desdobramento da nova conjuntura internacional –
uma “Agenda do Desenvolvimento”. Proposta inicialmente por Brasil e Argentina,
com forte apoio da Índia, inclui certas medidas com sentido oposto ao da ACTA.
Rejeita explicitamente a penalização das trocas de arquivos por internet. Quer
limitar e abrir exceções ao “direito” de patente [12].

No entanto, a resistência parece ser apenas parte da resposta. Numa época em que
dois futuros opostos parecem possíveis – a regressão a formas de controle
totalitário e as lógicas de colaboração pós-capitalistas —, é preciso
desenvolver a segunda alternativa. O que seriam os novos direitos civis e
sociais, na época da internet? Como estender a todos os seres humanos o acesso
permanente e rápido à rede — hoje privilégio de uma minoria? Mais: como fazer
deste direito não apenas a possibilidade de receber o conteúdo criado por
outros; mas, também, o de participar ativamente da produção coletiva de cultura
e conhecimento? E, além da internet: num tempo em que o saber converteu-se na
principal fonte de riquezas, e é por natureza construção coletiva, como promover
a distribuição das riquezas geradas por ele?

Se uma mobilização internacional já se esboça, em resposta ao ACTA, talvez ela
possa se propor, também, a responder de modo colaborativo aestas questões.

Para ampliar este texto:

O debate sobre a ACTA será, provavelmente, um processo prolongado, que exigirá
múltiplos saberes e esforços. Abaixo, alguns dos caminhos para melhorar e
ampliar o presente artigo [13]

> Para assuntos relacionados ao acordo em geral:

Há, no Twitter, intensa postagem com referências a material importante sobre o
acordo. Pesquisar por #ACTA. Acompanhar, em particular, as microblogagens de
James Love, Michael Giest, Philippe Rivière, OpenActa (rede mexicana) e, no
Brasil, de Caribé, Fátima Conti, Marcelo Branco e Sérgio Amadeu.

Le Monde Diplomatique estampou, na edição de março, um importante artigo sobre o
ACTA. Pode ser encontrado, em português, no site Outras Palavras. A análise foi
expandida num texto de Philippe Rivière, disponível por enquanto no blog da
redação do jornal.

Na Biblioteca Diplô, é possível recuperar (em português) os textos publicados
pelo jornal sobre a vitória contra a Rodada do Milênio da OMC, antecessora do
ACTA: 1 2 3 4

> Para analisar a primeira versão pública:

O texto inicial do ACTA (versão pdf) está aqui É um documento de mais de 50
páginas, preliminar, com marcações sobre as diferentes posições dos países que
participam das negociações, quando existem divergências. O artigo acima foi
baseado em vazamentos prévios, de partes do documento, e nas primeiras análises
publicadas na internet.

Para novas análises, mais detalhadas, serão muito úteis a própria leitura
detalhada do texto (em inglês) e os seguintes sites, que têm publicado material
a respeito:

Margot Kaminski: Professora de Direito na Universidade de Yale, especialista em
liberdades civis na era digital, ele escreveu, em seguida à publicação do esboço
do ACTA, uma breve análise a respeito. Foi publicada no site Balkinization,
também uma importante fonte de notícias e análises sobre o tratado.

Michael Giest, professor de Direito da Universidade de Ottawa (Canadá), mantém
um blog com ampla informação e muitas análises sobre o ACTA. Em janeiro deste
ano, ele publicou uma série de cinco artigos sobre o acordo, o primeiro dos
quais pode ser lido aqui.

La Quadrature de net é a princiapl iniciativa francesa em defesa da liberdade na
rede. Dá destaque especial ao ACTA, dedicando-lhe, inclusive, uma seção
específica.

Knowledge Ecology International, é um excelente site norte-americano sobre
propriedade intelectual e direito à comunicação e cultura.

James Love, fundador e articulador do Knoledge Ecology International, mantém um
blog com análises constantes e profundas.

PublicACTA é um site neozelandês com interessantes análises a respeito do
acordo. Organiza encontro internacional da sociedade civil, que deverá ocorrer
em Wellington (com forte interface via internet), entre 12 e 16 de abril –
paralelo a uma nova rodada de conversações dos governos que preparam o acordo.

Sobre a história do ACTA:

Na versão em inglês da Wikipedia, há um importante verbete a respeito do acordo,
com breve descrição de sua origem e todas as etapas da negociação. Também é
muito informativa a série de cinco artigos publicada por Michael Geist em seu
blog (começa aqui.

Sobre o acordo e o Brasil:

Em novembro de 2009, a revista A Rede entrevistou, a respeito do ACTA, Pedro
Paranaguá, professor da FGV-Rio. Suas opiniões estão aqui.

No site Xô, Censura, há uma série de três artigos publicados, a partir de julho
de 2008, por Fátima Conti. Redigidos quando a Lei Azeredo ainda estava em
debate.

___________
[1] Anti-Counterfeiting Trade Agreement

[2] Em 10 de março de 2010, James Murdoch, herdeiro do grupo de mídia que leva
seu sobrenome recomendou, numa entrevista coletiva em Abu Dhabi, deixar de ser
“amistoso” com os consumidores e punir os “ladrões” de filmes como se punem os
ladrões comuns

[3] Um dos esboços do ACTA exige que as legislações dos países signatários punam
também “a incitação, assistência ou cumplicidade” ao que chama de
“falsificação”, ou “pelo menos, os casos de assistência à ’falsificação’ [aspas
nossas] voluntária de marca e de direito autoral, ou direitos conexos, e de
pirataria em escala comercial”. O texto parece escrito sob medida para atingir
buscadores alternativos, como o Pirate Bay. Mas permite enquadrar também o
Google

[4] Inspirado na lei francesa Hadopi, o ACTA quer excluir da internet os
usuários acusados de trocar produtos culturais “não-autorizados”. Para fazê-lo,
pretende congelar os endereços IP dos “transgressores”. Finge ignorar que um
mesmo IP atende a diversos moradores de um mesmo domicílio (adultos ou
crianças), sendo frequentemente compartilhado por seus vizinhos e pessoas em
trânsito pela área.

[5] Nos últimos anos, medicamentos genéricos, transportados por navios
procedentes da Índia e com destino a países africanos, foram bloqueados mais de
uma vez em portos europeus. Os produtos retidos eram perfeitamente legais, tanto
no país de partida quanto no de chegada, mas autoridades europeias consideraram
que o trânsito por seus países feria o princípio de propriedade intelectual

[6] Uma das versões do ACTA que veio a público revela: empresas privadas poderão
solicitar diretamente às autoridades aduaneiras (sem necessidade de procedimento
judicial) a fiscalização e eventual retenção de produtos supostamente
falsificados. Fiscais alfandegários terão também atribuição de verificar, reter
e em alguns casos destruir produtos “falsificados” e também arquivos eletrônicos
(músicas ou filmes “não-licenciados”, por exemplo) armazenados em computadores,
pendrives e telefones celulares

[7] Cartéis como a Aliança Internacional pela Propriedade Intelectual (IIPA, em
inglês), a Motion Picture Association of America (MPAA, que representa a
indústria norte-americana do cinema), a Business Software Alliance (BSA, de
programas de computador não-abertos) e a Recording Industry Association of
America (RIAA, para a música) são desde o início construtores privilegiados do
ACTA

[8] Parcialmente bloqueada pela corte constitucional francesa, por
incompatibilidade com as liberdades individuais, a lei entrou em vigar em
novembro de 2009. Para informação detalhada, ver verbete (em francês) na
Wikipedia)

[9] Digital Millenium Copyright Act, descrito e analisado em detalhes na
Wikipedia, em português, (verbete mais completo)

[10] A fala de Obama, na íntegra, pode ser lida aqui

[11] Informações maiores sobre a OMPI, incluindo críticas a ela, podem ser
encontradas na Wikipedia

[12] No Brasil, o Observatório OMPI, do site Cultura Livre faz um ótimo
acompanhamento da Agenda do Desenvolvimento

[13] (Esta é a primeira versão de um texto colaborativo. Veja aqui como
participar de sua construção e difusão)

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ORÁCULOS DA VERDADE

Posted on 24 de maio de 2010 by roberta

ORÁCULOS DA VERDADE
Frei Betto

O filósofo alemão Emmanuel Kant não anda muito em moda. Sobretudo por ter
adotado em suas obras uma linguagem hermética. Porém, num de seus brilhantes
textos – “O que é o Iluminismo?” – sublinha um fenômeno que, na cultura
televisual que hoje impera, se torna cada vez mais generalizado: as pessoas
renunciam a pensar por si mesmas. Preferem se colocar sob proteção dos “oráculos
da verdade”: a revista semanal, o telejornal, o patrão, o chefe, o pároco ou o
pastor.

Esses os guardiões da verdade que, bondosamente, velam para não nos permitir
incorrer em equívocos. Graças a seus alertas sabemos que as mortes de
terroristas nas prisões made in USA de Bagdá e Guantánamo são apenas acidentes
de percurso comparadas à morte de um preso comum, disfarçado de político, num
hospital de Cuba, em decorrência de prolongada greve de fome.

São eles que nos tornam palatáveis os bombardeios dos EUA no Iraque e no
Afeganistão, dizimando aldeias com crianças e mulheres, e nos fazem encarar com
horror a pretensão de o Irã fazer uso pacífico da energia nuclear, enquanto seu
vizinho, Israel, ostenta a bomba atômica.

São eles que nos induzem a repudiar o MST em sua luta por reforma agrária,
enquanto o latifúndio, em nome do agronegócio, invade a Amazônia, desmata a
floresta e utiliza mão de obra escrava.

É isso que, na opinião de Kant, faz do público Hausvieh, “gado doméstico”,
arrebanhamento, de modo que todos aceitem, resignadamente, permanecer confinados
no curral, cientes do risco de caminhar sozinho.

Kant aponta uma lista de oráculos da verdade: o mau governante, o militar, o
professor, o sacerdote etc. Todos clamam “Não pensem!” “Obedeçam!” “Paguem!”
“Creiam!” O filósofo francês Dany-Robert Dufour sugere incluir o publicitário
que, hoje, ordena ao rebanho de consumidores: “Não pensem! Gastem!”

Tocqueville, autor de Da democracia na América (1840), opina em seu famoso livro
que o tipo de despotismo que as nações democráticas deveriam temer é exatamente
sua redução a “um rebanho de animais tímidos e industriosos”, livres da
“preocupação de pensar”.

O velho Marx, que anda em moda por ter previsto as crises cíclicas do
capitalismo, assinalou que elas decorreriam da superprodução, o que de fato
ocorreu em 1929. Mas não foi o que vimos em 2008, cujos reflexos perduram. A
crise atual não derivou da maximização da exploração do trabalhador, e sim da
maximização da exploração dos consumidores. “Consumo, logo existo”, eis o
princípio da lógica pós-moderna.

Para transformar o mundo num grande mercado, as técnicas do marketing contaram
com a valiosa contribuição de Edward Bernays, duplo sobrinho estadunidense de
Freud. Anna, irmã do criador da psicanálise e mãe de Bernays, era casada com o
irmão de Martha, mulher de Freud. Os livros deste foram publicados pelo sobrinho
nos EUA. Já em 1923, em Crystallizing Public Opinion, Bernays argumenta que
governos e anunciantes são capazes de “arregimentar a mente (do público) como os
militares o fazem com o corpo”.

Como gado, o consumidor busca sua segurança na identificação com o rebanho,
capaz de homogeneizar seu comportamento, criando padrões universais de hábitos
de consumo através de uma propaganda libidinal que nele imprime a sensação de
ter o desejo correspondido pela mercadoria adquirida. E quanto mais cedo se
inicia esse adestramento ao consumismo, tanto maior a maximização do lucro. O
ideal é cada criança com um televisor no próprio quarto.

Para se atingir esse objetivo é preciso incrementar uma cultura do egoísmo como
regra de vida. Não é por acaso que quase todas as peças publicitárias se baseiam
na exacerbação de um dos sete pecados capitais. Todos eles, sem exceção, são
tidos como virtudes nessa sociedade neoliberal corroída pelo afã consumista.

A inveja é estimulada no anúncio da família que possui um carro melhor que o de
seu vizinho. A avareza é o mote das cadernetas de poupança. A cobiça inspira as
peças publicitárias, do último modelo de telefone celular ao tênis de grife. O
orgulho é sinal de sucesso dos executivos assegurados por planos de saúde
eterna. A preguiça fica por conta das confortáveis sandálias que nos fazem
relaxar ao sol.

A luxúria é marca registrada dos jovens esbeltos e das garotas esculturais que
desfrutam vida saudável e feliz ao consumirem bebidas, cigarros, roupas e
cosméticos. Enfim, a gula envenena a alimentação infantil na forma de
chocolates, refrigerantes e biscoitos, induzindo a crer que sabores são
prenúncios de amores.

Na sociedade neoliberal, a liberdade se restringe à variedade de escolhas
consumistas; a democracia, em votar nos que dispõem de recursos milionários para
bancar a campanha eleitoral; a virtude, em pensar primeiro em si mesmo e encarar
o semelhante como concorrente. Esta a verdade proclamada pelos oráculos do
sistema.

Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros
livros.

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CARTA ABERTA EM DEFESA DA ESCOLHA DO DRM (DIGITAL RADIO MONDIALE) COMO PADRÃO
TÉCNICO PARA O SBRD (SISTEMA BRASILEIRO DE RÁDIO DIGITAL)

Posted on 18 de maio de 2010 by roberta

Hoje, dia 17 de maio, Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de
Informação, nós de Rádios e TVs Livres estamos lançando ao Brasil e ao mundo uma
Carta Aberta em defesa da escolha do DRM (Digital Radio Mondiale) como padrão
técnico para o SBRD (Sistema Brasileiro de Rádio Digital).

Através desta carta expressamos nossas reflexões sobre a melhor opção para o
Rádio Digital no Brasil e no mundo. Defendendo a livre apropriação do meio
Rádio, por qualquer grupo de pessoas que queira se expressar livremente, sem
censura ou fronteira, local e globalmente, somos a favor da escolha do DRM –
Digital Radio Mondiale – como o padrão de Rádio Digital a ser adotado no Brasil
e no mundo.

LEIA O MANIFESTO COMPLETO

Ponto 0 – Existem implementações disponíveis para download tanto da modulação
quanto da demodulação do DRM, tornando possível a criação de
moduladores/excitadores DRM a um baixo custo utilizando-se plataformas de SDR
(Software Defined Radio).

Ponto 1 – O DRM permite que se aumente o número de rádios na faixa da atual
transmissão FM, visto que cada rádio FM ocupa 200kHz, e uma transmissão DRM
nessa faixa ocupa 100kHz. Na verdade, visto que numa mesma transmissão DRM
pode-se transmitir 4 serviços de áudio, seria possível rádios livres de uma
mesma região se unirem, por exemplo, e tornar o aumento que o DRM proporciona em
número de rádios possíveis em 8 vezes (2 vezes devido a utilização de metade da
banda do FM, e 4 vezes devido a possibilidade de se transmitir 4 rádios
utilizando-se um único canal DRM).

Ponto 2 – Rádios que hoje transmitem na faixa de Ondas Médias e Ondas Curtas
terão grande aumento da qualidade do áudio. Rádios que hoje transmitem na faixa
do FM poderão transmitir em até 5.1 surround. É possível transmitir slideshows
de fotografias, textos, websites, e até vídeo ao vivo em baixa definição no
padrão DRM, para receptores que suportem esses recursos.

Ponto 3 – O DRM funciona para se transmitir na faixa de ondas curtas, oque torna
possível rádios com alcances continentais e até intercontinentais. Além disso
permite a utilização de faixas de broadcast em ondas curtas hoje totalmente
inutilizadas, como a faixa dos 26MHz, que potencialmente podem ser utilizadas
para permitir que muitas novas rádios sejam criadas, e que durante o período de
transição do analógico para o digital, todas as rádios tenham espaço no espectro
para transmitir em analógico e digital. Nenhum outro padrão de Rádio Digital
funciona na faixa de Ondas Curtas.

Ponto 4 – Para se obter a mesma área de cobertura de um transmissor analógico,
utilizando-se o sistema DRM, é necessário o uso de aproximadamente somente 1/10
da potência utilizada no transmissor analógico, ou seja, o padrão DRM trará uma
enorme economia de energia para as rádios e para o país, além do transmissor
ficar bem mais barato, já que a parte mais cara de um sistema de transmissão é a
parte de potência do mesmo.

Ponto 5 – O DRM é um padrão mundial novo, sendo que países de dimensão
continental como a Índia e a Rússia já anunciaram sua adoção. Isso abre a
possibilidade de um padrão para Rádio Digital que seja utilizado globalmente.

Ponto 6 – O DRM é um padrão de Rádio Digital que permite que rádios de baixa
potência existam, assim como rádios de grande potência e mantém o esquema
descentralizado de transmissão do rádio, que é como deve ser, para possibilitar
que todos possam transmitir/receber, onde quer que estejamos.

Ponto 7 – O DRM é o melhor padrão de Rádio Digital que existe em nossa visão,
visto que o grupo de padrões que requerem uma distribuição centralizada (como o
DAB) nós rechaçamos, visto que isso gera um controle centralizado das
transmissões, e o outro grande padrão considerado, o HD Radio, é propriedade de
somente uma empresa, e assim como outro padrão de rádio digital, o ISDB-Tsb,
eles utilizam maior banda espectral do que o DRM, favorecendo a escassez de
canais para rádios, contribuindo para a manutenção dos grandes monopólios.

Ponto 8 – Já temos o conhecimento de como transmitir e receber DRM, ler
“http://www.radiolivre.org/node/3825” e “http://www.radiolivre.org/node/3807”,
de forma que em breve teremos nossos transmissores DRM a um baixo custo.

Ponto 9 – Somos contra o desenvolvimento de um padrão técnico nacional, visto
que o padrão DRM atende a todas as necessidades brasileiras e mundiais. Além
disso o consórcio que gere as normas do DRM e seu futuro é uma organização
aberta que aceita novos membros, desenvolvimentos e melhorias. Queremos um
padrão técnico mundial, de forma que as pessoas possam transmitir e receber
rádio sem fronteiras nem censuras.

Assinado,

Rádio Capivara
Rádio Muda
Rádio Pulga
Rádio Radiola
Rádio Xibé
TV Piolho
Rizoma radiolivre.org

—-
reprodução de matéria vinculada no CMI Brasil
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2010/05/471649.shtml

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